Trump isenta iPhones, computadores e chips de tarifaço, mas exceção pode ser temporária

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Em meio à escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o governo de Donald Trump anunciou uma importante exceção em sua nova rodada de tarifas. Smartphones, computadores e chips de memória ficarão de fora das chamadas tarifas “recíprocas”, que poderiam chegar a até 125% sobre produtos chineses e 10% para outros países.

A decisão, oficializada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA na noite de sexta-feira (11), evita um impacto imediato sobre eletrônicos de consumo populares, como os iPhones da Apple, que chegaram a ser alvo de correria nas lojas por temores de alta de preços.

Apesar do alívio para o setor de tecnologia, autoridades e analistas alertam que a medida pode ser temporária. As isenções decorrem de uma regra que impede a cobrança acumulada de tarifas adicionais sobre setores já afetados por taxas gerais. Isso significa que, embora os eletrônicos estejam fora desta rodada, podem voltar à pauta tarifária no futuro. A decisão também beneficia fabricantes como Samsung e gigantes do setor de semicondutores, como a Taiwan Semiconductor, que recentemente anunciou investimentos nos EUA.

Guerra comercial agrava tensão global

A nova rodada de tarifas imposta por Trump faz parte de sua política de guerra comercial, que busca reduzir o déficit comercial dos EUA e proteger a indústria nacional. Nos últimos meses, os Estados Unidos aumentaram as tarifas sobre produtos chineses para até 145%, o que levou o governo chinês a reagir com uma tarifa de 125% sobre produtos americanos. Além da China, Trump também aplicou uma tarifa global básica de 10% sobre a maioria dos países, com exceções pontuais.

Segundo o presidente americano, as tarifas são “animadoras” para os EUA e para o mundo. Em publicação na rede Truth Social, Trump defendeu que a política tarifária está “indo muito bem” e incentivará investimentos no país, além de proteger empregos. No entanto, o impacto econômico já se reflete nos mercados globais, com aumento de preços para consumidores e volatilidade nos índices acionários.

Trump acrescentou: “Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis.”

Por que iPhones e eletrônicos comuns ficaram de fora?

Produtos como iPhones, notebooks, processadores e discos rígidos foram poupados, em parte, porque sua produção é majoritariamente concentrada no exterior, especialmente na Ásia. Montar uma cadeia produtiva equivalente nos EUA demandaria anos e investimentos bilionários. Além disso, muitos desses itens são essenciais para consumidores e empresas, o que poderia gerar forte pressão política e social com a alta repentina de preços.

Outro fator relevante é o setor de semicondutores. Máquinas e equipamentos usados na fabricação de chips também foram incluídos na lista de isenções. A medida protege investimentos estratégicos no país, como o da Taiwan Semiconductor, que lidera a produção mundial de processadores e anunciou novas fábricas em solo americano.

Por fim, a medida também pode reconhecer discretamente que a atual indústria norte-americana não estaria preparada para suprir toda a demanda nacional provocada pelas novas tarifas — especialmente frente ao aumento do preço de produtos importados. 
Alívio limitado e riscos no horizonte

Apesar do alívio, especialistas ressaltam que a medida não significa o fim da tensão comercial. Como as isenções foram motivadas por uma regra técnica — que impede a sobreposição de tarifas — há espaço para que esses produtos sejam alvo de futuras rodadas, talvez com tarifas mais baixas ou direcionadas.

Trump também já havia prometido uma tarifa específica para semicondutores, ainda não concretizada. Com isso, permanece a incerteza para o setor de tecnologia, que acompanha de perto as decisões da Casa Branca. Segundo a Bloomberg, a dispensa também evita um impacto negativo direto nos consumidores americanos, que enfrentariam preços mais altos em produtos essenciais.

Contexto das tarifas e impactos no comércio global

Desde o início de 2025, a guerra tarifária entre EUA e China se intensificou, com tarifas recíprocas que impactam desde bens de consumo até produtos industriais. A estratégia de Trump mira reduzir a dependência dos EUA de importações, principalmente da China, e estimular a produção doméstica. A diferença no comércio entre os dois países, que chegou a US$ 295 bilhões em 2024, é um dos principais argumentos da administração americana.

Além da China, mais de 180 países foram afetados por novas tarifas americanas, com alíquotas variando de 10% a 50%. Em resposta, nações como Canadá, Vietnã, União Europeia e Reino Unido anunciaram medidas retaliatórias ou buscaram acordos para amenizar os efeitos.

Economistas alertam que, mesmo com as isenções anunciadas, o cenário tarifário atual deve pressionar preços, reduzir a competitividade internacional e gerar incerteza no comércio global. Produtos que dependem de componentes importados, como automóveis e eletrônicos, podem ter seus preços reajustados à medida que os custos de produção aumentam.

O que esperar nos próximos meses?

A decisão de manter smartphones, computadores e chips fora das tarifas mais pesadas evita um impacto imediato para gigantes como Apple e Samsung. No entanto, o governo americano sinalizou que continuará ajustando suas políticas comerciais de forma estratégica. Para empresas e consumidores, a principal preocupação é a instabilidade: novas tarifas podem ser anunciadas a qualquer momento.

Enquanto isso, os mercados seguem atentos aos desdobramentos, principalmente com a China elevando suas tarifas sobre produtos americanos para 125%. O cenário sugere que a guerra comercial está longe de acabar — e que o alívio sentido pelo setor de tecnologia pode ser apenas temporário.

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