A pirâmide de Quéfren está mesmo em cima de uma cidade subterrânea? Entenda

4 min de leitura
Imagem de: A pirâmide de Quéfren está mesmo em cima de uma cidade subterrânea? Entenda

Quando o assunto são mistérios sobre as pirâmides do Egito, não há limites para a imaginação e para teorias estranhas, que vão desde geradoras de energia até um apoio logístico extraterrestre para sua construção. Por isso, o TikTok “disparou”, e velhos relatos fantásticos voltaram à tona, após dois cientistas alegarem recentemente terem descoberto uma "vasta cidade de dois mil metros abaixo das Pirâmides de Gizé".

Apesar do hype causado, o trabalho de Corrado Malanga, da Universidade de Pisa, na Itália, e Filippo Biondi, da Universidade de Strathclyde, na Escócia, só foi divulgado, por enquanto, durante um briefing presencial na Itália, e ainda não foi publicado em uma revista científica, onde precisaria ser analisado e revisto por especialistas independentes.

Para comprovar suas hipóteses, os autores usaram uma técnica avançada de imageamento 3D chamada tomografia de radar de abertura sintética (SAR). Direcionando o equipamento para a pirâmide de Quéfren, eles descobriram o que parece ser um sistema subterrâneo que se estende por impressionantes dois quilômetros abaixo das três principais pirâmides de Gizé.

Fazendo uma tomografia das Pirâmides de Gizé

1a.png
Os autores usaram tomografia de radar de abertura sintética (SAR). (Fonte: Fillipo Biondi & Corrado Malanga; Remote Sensing, 2022/Divulgação.)

No estudo original, publicado na revista Remote Sensing em 2022, os autores afirmam: “primeiramente investigamos os detalhes da estrutura externa de todas as pirâmides pertencentes ao Planalto de Gizé (Quéops, Quéfren e Miquerinos); então, nos concentramos em estudar a estrutura interna da pirâmide de Quéfren sozinha, fornecendo uma reconstrução 3D completa e detalhada de todas as câmaras conhecidas e desconhecidas”.

As descobertas subterrâneas revelam anomalias significativas: oito grandes estruturas cilíndricas 648 metros abaixo do icônico planalto e duas estruturas cúbicas gigantes abaixo dos cilindros. A lista completa das estruturas internas medidas por tomografia é referida pelos relatos de Malango como feitas pelo homem.

O sistema subterrâneo se estende por baixo das três pirâmides principais, e tem cinco estruturas idênticas de vários níveis conectadas por passagens geométricas perto da base da pirâmide de Quéfren. Para chegar ao local, os oito poços cilíndricos verticais, rodeados por caminhos em espiral que descem 648 metros, se fundem em câmaras enormes, em forma de cubo, cada uma com 80 metros de cada lado.

O novo estudo sobre a pirâmide de Quéfren e seus autores

bdfae864df7c42cbb035d5eab162ed16xIXxOvxNLKQmbBDT-0.jpg
As oito estruturas cilíndricas que descem até a cidade subterrânea. (Fonte: Fillipo Biondi & Corrado Malanga, Remote Sensing, 2022/Divulgação.)

O estudo atual utilizou a mesma tecnologia do anterior, porém com um importante upgrade: um satélite orbitando a Terra. Com isso, foi possível combinar dados do radar do satélite (que fornece informações sobre a estrutura próxima à superfície) com os movimentos sísmicos que ocorrem naturalmente. Com esses dados complementares, algoritmos computacionais criam modelos em 3D do subsolo, sem necessidade de escavar o local.

Após compartilhar o pequeno clipe da coletiva de imprensa, realizada em 15 de março, Nicole Ciccolo, porta-voz do projeto, afirmou: "Essas novas descobertas arqueológicas podem redefinir nossa compreensão da topografia sagrada do antigo Egito, fornecendo coordenadas espaciais para estruturas subterrâneas anteriormente desconhecidas e inexploradas".

Coautor dos dois estudos, Corrado Malanga é professor de química na Universidade de Pisa, e conhecido por seu trabalho no campo da ufologia e por suas teorias sobre abduções alienígenas. Seu parceiro Filippo Biondi é especialista em tecnologia de radar, e autor do software proprietário que transformou os sinais de SAR em informações fonônicas, que medem as vibrações e ressonâncias mecânicas dos materiais analisados.

O que dizem os especialistas sobre a descoberta da cidade subterrânea?

96406323-14516659-he_research_found_the_existence_of_vast_chambers_beneath_the_ear-a-7_1742575627903.jpg
Poços estavam conectados a estruturas maiores e cúbicas onde poderia ter existido uma cidade. (Fonte: Fillipo Biondi & Corrado Malanga, Remote Sensing, 2022/Divulgação.)

Classificadas como “inovadoras”, as descobertas foram contestadas por alguns cientistas, como o especialista em radar aplicado à arqueologia, Lawrence Conyers, da Universidade de Denver, nos EUA. Falando ao Daily Mail, ele explicou que essa ideia de cidade subterrânea é “um grande exagero”, pois não é possível que a tecnologia penetre tão profundamente no solo como descrito.

No entanto, admite que possam existir câmaras, poços ou túneis que tenham sido construídos antes das próprias pirâmides, porque aquele local era "especial para os povos antigos". Conyers lembra que era uma prática comum entre os maias e outras povos da antiga Mesoamérica construírem pirâmides exatamente no topo das entradas de cavernas com algum significado especial para eles.

"Minha opinião é que, desde que os autores não estejam inventando coisas e que seus métodos básicos estejam corretos, suas interpretações devem ser analisadas por todos que se importam com o sítio", explicou Conyers. “Podemos discutir sobre interpretações, e isso se chama ciência. Mas os métodos básicos precisam ser sólidos”, concluiu.

Você acha que essa nova descoberta é autêntica ou apenas mais uma hipótese especulativa como tantas outras? Comente em nossas redes sociais e aproveite para compartilhar a matéria com seus amigos e seguidores. Para mais detalhes sobre as pirâmides, leia Afinal, quanto anos têm as pirâmides do Egito? 

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.