Quando pensamos na cultura egípcia, dificilmente lembramos de cachorros, não é mesmo? Mas saiba que esse antigo povo também tinha bastante devoção por esses animais.
Um cão mecânico esculpido em marfim, que foi encontrado dentro de uma tumba egípcia, é a prova de que os cães já eram muito amados há pelo menos 3.400 anos.
O cachorro mecânico egípcio

Se você visitar o Metropolitan Museum of Art Fifth Avenue, em Nova York, vai poder admirar uma engenhoca bastante instigante. Trata-se de uma escultura de um cão de caça toda esculpida em marfim projetada para abrir e fechar a boca a partir de uma alavanca situada embaixo do seu peito.
A alavanca foi originalmente presa por meio de uma tira amarrada no buraco na parte de trás do pescoço e da garganta. Mais tarde, o mecanismo foi alterado para um pino de metal localizado no ombro direito. Quando a sua boca é aberta, dois dentes e uma língua vermelha se tornam visíveis.
Mas o mais curioso dessa peça artística é a sua idade: ela provavelmente estava no túmulo de um membro da elite egípcia em algum momento durante o reinado de Amenhotep III, avô do Rei Tut, durante o século XIV a.C.
A escultura é toda feita de marfim de elefante e mede cerca de 18,2 centímetros, considerando a distância entre o seu focinho até o fim das pernas esticadas. A obra foi colocada no museu, mas pertencia à coleção pessoal de Howard Carter, o egiptólogo que descobriu o túmulo do Rei Tut no Vale dos Reis em 1922. Não se sabe exatamente para que ela servia: pode ter sido um brinquedo ou um objeto cerimonial mágico.
Os egípcios e os cachorros

A verdade é que os antigos egípcios gostavam muito de seus cães. Os animais eram usados para a caça, o pastoreio e a guarda, mas também serviam de estimação. Os historiadores afirmam que a escultura mostra um cão domesticado, já que as linhas incisas ao redor de seu pescoço formam uma coleira.
Durante o período do Novo Reino do Egito — ocorrido entre 1550 a.C. a 1070 a.C. — os cachorros usavam coleiras que se tornavam cada vez mais ornamentadas. Era comum encontrar coleiras com inscrições do nome do próprio cão. Esse da peça, no entanto, não tem nome. Mas o Met Museum afirma que, entre os nomes mais comuns dos bichos nessa época, estavam Pretinho, Filho da Lua e Bom-para-nada (em traduções livres para o português, claro).
Também não se sabe ao certo qual seria a raça do cão representado na escultura. Sabe-se, entretanto, que os antigos egípcios tendiam a preferir raças de cães mais cheias de energia, o que incluía ancestrais das raças de caça Basenji, Podengo ibicenco (também chamado de cão de Ibiza) e o chamado Cão do Faraó.
Os egípcios também acreditavam que os cães eram ligados ao deus Anúbis e à vida após a morte. Muitas vezes, os animais eram vistos como intermediários entre os mundos dos vivos e dos mortos. Por isso, matar um cão (especialmente se ele estivesse de coleira) era um crime grave.
Eles gostavam tanto de seus companheiros que, depois que os cães morriam, eram frequentemente mumificados. Assim, poderiam novamente encontrá-los em outra vida. Pelo visto, os antigos egípcios tinham mais coisas em comum conosco do que imaginávamos.
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