Na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana, esconde-se um lugar que é considerado mágico pelos indígenas. Considerado uma das 50 maravilhas naturais do mundo, o Monte Roraima é tão importante que chegou a inspirar o romance O Mundo Perdido, de Arthur Conan Doyle.
O monte, que é de propriedade administrativa do estado de Roraima, tem fascinado os seres humanos por muitos séculos. Conheça a seguir a sua história e alguns de seus segredos.
O Monte Roraima e a lenda de Macunaíma

O aspecto do Monte Roraima tem feito que ele seja admirado por muitas populações ao longo da história. Trata-se de um planalto com lados quase verticais que se localiza no ponto de fronteira tripla entre Brasil, Venezuela e Guiana. Frequentemente, o monte fica cercado por um anel de nuvens, o que faz a sua ponta mais alta parecer uma ilha flutuando no céu, ou então uma mesa gigante.
Por conta disso, a montanha foi chamada pelos geólogos de "tepui", termo que, na língua do povo indígena Pemon, que habita a região, significa "casa dos deuses". Para os Pemon, os tepuis seriam espaços sagrados, o que faria do Monte Roraima a ponta de uma árvore sobrenatural que continha todas as frutas e vegetais do mundo.
Na lenda, tudo teria mudado quando uma figura mítica chamada Makunaima derrubou a árvore. Foi daí, portanto, que o escritor Mário de Andrade tirou sua inspiração para o romance modernista Macunaíma, que conta a lenda de um herói que nasceu do encontro entre o sol e a lua no topo do Monte Roraima.
Por ter nascido com poderes mágicos, a tribo Macuxi o declarou herói da floresta. Ao crescer, Macunaíma se tornou o único com permissão a colher os frutos da árvore. Entretanto, os indígenas o desobedeceram, destruindo a árvore na tentativa de plantar outras semelhantes.
O povo Macuxi também acredita que a região onde hoje está o Monte Roraima era antes uma terra baixa e fértil de igapós, cheia de caça e frutos. Só que um dia apareceu uma bananeira misteriosa chamada paruru, que cresceu rapidamente e passou a dar frutos dourados.
Os pajés então disseram que a planta era sagrada e não deveria jamais ser tocada. Mas alguém cortou a árvore e roubou seus frutos, o que provocou a ira divina, levando a uma grande tempestade que fez com que o Monte Roraima surgisse.
O surgimento científico do Monte Roraima

Essa é a versão mítica, e é claro que os cientistas têm outras explicações sobre o surgimento do Monte Roraima. A montanha teria aparecido como um resquício de um enorme bloco de arenito que se formou nesta região há cerca de 1,8 bilhão de anos, quando grandes dunas se solidificaram e se transformaram em rocha.
De acordo com a Geological Society, isso levou cerca de 1,5 bilhões de anos, período em que outros tipos de rocha se acumularam no topo do arenito. Com o tempo, o vento e água atuaram na erosão dessas camadas, esculpindo planaltos gigantescos com encostas íngremes.
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O cume do Monte Roraima abriga um ecossistema raro, com uma flora e uma fauna que não são encontradas em outros lugares do mundo. Há, por exemplo, plantas carnívoras e orquídeas únicas, além de répteis e anfíbios exclusivos. O alto índice pluviométrico do local fez com que se formassem lá muitas cavernas.
Em 2012, um estudo descobriu que o ecossistema do Monte Roraima não é tão isolado assim. O DNA de quatro espécies de rãs-árvore que existem lá compartilham o mesmo ancestral comum. Isso sugere que esses e outros animais podem ter passado por um processo de migração, tendo se espalhado para outros lugares.
Mas se você sonha em visitar esse local, é preciso tomar muito cuidado. Primeiramente, deve-se contratar uma agência de turismo, já que é proibido subir sozinho. O turista também deve ter preparo físico, pois vai precisar caminhar por vários dias seguidos e acampar em barracas. Se você encarar o desafio, sem dúvida, vai ser uma experiência e tanto.
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