Enfrentando ações antitruste no Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), o Google vem pressionando integrantes do governo de Donald Trump para que interfiram em um dos processos e evitem que a empresa seja desmembrada, conforme pessoas envolvidas nas discussões. Detalhes sobre as negociações foram revelados pela Bloomberg na terça-feira (04).
De acordo com a reportagem, executivos da gigante das buscas se reuniram com representantes da administração Trump na semana passada, solicitando que o DOJ adote uma postura menos agressiva nesse caso. O processo é relacionado aos mercados de pesquisa e publicidade.

“Nos reunimos rotineiramente com reguladores, inclusive com o DOJ para discutir esse caso. Como dissemos publicamente, estamos preocupados que as propostas atuais prejudiquem a economia e a segurança nacional”, comentou o porta-voz do Google, Peter Schottenfels, em comunicado.
Apesar de alegar riscos à economia e à segurança, a big tech não explicou detalhadamente como a proposta apresentada pelos legisladores causaria tais ameaças. Já o DOJ não se pronunciou a respeito da pressão que estaria sofrendo por parte da companhia de Mountain View.
Monopólio em pesquisa e publicidade

O pedido do Google para que o DOJ seja “menos agressivo” tem a ver com uma decisão anunciada em agosto de 2024. Na ocasião, o juiz federal Amit Mehta considerou que a gigante da tecnologia estava monopolizando os mercados de pesquisa e publicidade nos resultados das buscas de maneira ilegal.
Segundo o magistrado, a companhia apresentou uma posição monopolista ao fechar acordos com grandes empresas para tornar o seu buscador o mecanismo de pesquisa padrão em seus dispositivos. A decisão cita pagamentos bilionários feitos à Apple e à Samsung, principalmente.
Ao pagar para que a sua ferramenta se mantivesse como a solução padrão nos aparelhos dessas fabricantes, a empresa teria negado aos concorrentes a oportunidade de competir, como afirmou o juiz do Tribunal Distrital de Columbia (EUA). Ele também mencionou a coleta de dados feita pela big tech para melhorar sua solução e torná-la mais dominante.
No processo, o Google ainda foi acusado de promover o monopólio nos anúncios dos resultados das buscas. Conforme Mehta, a gigante da tecnologia cobrou preços altos na publicidade de busca, refletindo seu poder monopolista na área responsável por gerar bilhões de dólares em receita anual.
Por sua vez, o Google justificou que as práticas citadas na ação são legais e comuns no segmento. Além disso, comentou não haver exclusividade em relação aos acordos com as marcas e que os usuários podem modificar o buscador padrão a qualquer momento.
Essa decisão foi considerada histórica e apontada como uma grande derrota para a companhia, consistindo no maior caso antitruste de tecnologia do país desde o processo contra a Microsoft no início dos anos 2000. Vale lembrar que a empresa enfrenta outro processo aberto pelo governo dos EUA em 2023, relacionado ao negócio de tecnologia de publicidade.
Quais mudanças podem ser impostas aos negócios do Google?

No ano passado, o DOJ apresentou possíveis soluções para o caso antitruste que ainda serão julgadas. Entre elas, está a recomendação de que o Google venda parte de seus negócios, como o navegador Chrome, que passaria a operar de maneira independente.
Também foi proposto que a empresa licencie os dados coletados para os buscadores rivais e que os pagamentos feitos à Apple, Samsung e outras fabricantes sejam encerrados. Dessa forma, o Google não viria mais instalado como buscador padrão nos celulares e tablets.
- Fique por dentro: Google terá que vender o Chrome para desfazer monopólio, defende Departamento de Justiça dos EUA
Em meio aos pedidos, outro destaque é a proposta para que a gigante da tecnologia reduza os investimentos em empresas de inteligência artificial. Com isso, seria necessário o cancelamento de acordos como o feito com a Anthropic, desenvolvedora da IA Claude, embora não se saiba se as mudanças afetariam negócios anteriores ou a partir de agora.
Quando sai o resultado do julgamento?

As partes envolvidas devem apresentar suas propostas finais até esta sexta-feira (07). Já o julgamento sobre os recursos está previsto para acontecer em abril e uma decisão final para o caso só deve acontecer em agosto.
No próximo mês, também acontecerão algumas audiências, incluindo o aguardado depoimento do CEO do Google, Sundar Pichai, a advogados do governo. Funcionários da OpenAI, Microsoft e Perplexity foram ouvidos nas últimas semanas, segundo as fontes da publicação.
Como observa a Reuters, é esperado que parte das políticas antitruste adotadas pela administração de Joe Biden se tornem mais brandas no governo Trump, o que pode ser decisivo para o processo que propõe a divisão do Google. Recentemente, o presidente e o seu vice, J. D. Vance, manifestaram opiniões semelhantes às da empresa.
Na ocasião, ambos criticaram órgãos reguladores da União Europeia, pressionando para que eles aliviem a regulamentação sobre as empresas de tecnologia sediadas nos EUA. A Casa Branca também criticou, no mês passado, as leis europeias Digital Market Act (DMA) e Digital Services Act (DSA).
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